, há 2 anos
A Bitcoin tem assistido a um crescimento tremendo nos últimos 5 anos. Não só no preço, mas também na sua comunidade e na sua utilização. Muitos analistas reivindicaram que a bolha rebentou finalmente, mas de cada vez que a BTC começou a descer por ali abaixo houve outro ciclo bull posterior que a levou a novos máximos. O mais recente máximo histórico foi de sensivelmente 64 000 dólares.
Mas a crise que se seguiu em maio de 2021 suscitou uma dúvida: será que a Bitcoin alguma descerá para zero? Embora muitos bitcoiners estejam absolutamente entusiasmados com o seu investimento, há uma possibilidade de que esse evento possa potencialmente ocorrer.
A crise em si foi provocada pelo facto dos reguladores chineses aplicarem uma repressão total à mineração da Bitcoin e à transação da Bitcoin. O governo chinês foi sempre cético no que às criptomoedas diz respeito no geral, mas foi apenas neste ano que a proibição foi aplicada para remover a indústria de mineração do país. Com a hashrate diminuída, o ecossistema tornou-se frágil.
Houve algumas vezes que se fizeram ouvir na esfera pública que sugeriam que esta é a altura para uma mudança de paradigma e para abandonar as moedas prova de trabalho. Algo que é importante considerar é o facto de que a Bitcoin é tão valiosa, porque a prova de trabalho é necessária. É muito difícil participar como mineiro e minar novas BTC, porque isto requer eletricidade e hardware. Continua aberto para debate se a rede prova de participação fornece uma estrutura de incentivos similar ou melhor, acrescentando valor à rede.
Até ao dia de hoje, é a Bitcoin que tem o valor mais elevado, mas não é apenas o trabalho que é necessário para gerir a rede e cunhar novas BTC. Segundo a lei de Metcalfe, o valor de uma rede é proporcional ao quadrado do número de utilizadores conectados. E com a rede Bitcoin a crescer ainda mais depressa nos últimos anos, o seu valor também está a subir.
Finalmente, mas não menos importante, a Bitcoin é muito escassa. Só haverão sensivelmente 21 milhões de BTC que alguma vez existirão e o fornecimento finito faz parte do seu protocolo. Poder-se-ia argumentar, como é óbvio, que poderia simplesmente bifurcar o código da Bitcoin e criar uma versão com menos moedas, mas também é aqui, uma vez mais, que o tamanho da rede e a capitalização de mercado entram em jogo.
A maior ameaça são os problemas regulatórios. Não necessariamente porque as regulações sejam algo de mau. A maioria das leis é criada para proteger os melhores interesses dos investidores de retalho. Mas muitos dos intervenientes no espaço das criptomoedas esforçam-se por cumprir o papel que é suposto desempenharem. Potencialmente, isto poderá levar a políticas mais restritas e afetar o mercado.
Mas isso só poderia provocar uma crise como a que assistimos em maio de 2021. Para que a Bitcoin desça para zero, esta precisaria de ser inegociável. Ou seja, o ativo tem de ser declarado ilegal e, por conseguinte, não há qualquer mercado disponível. Isso também requereria que todos os governos do mundo o declarassem de uma só vez, sem quaisquer exceções.
Mas esta não é a única possibilidade para a BTC descer para zero. Outra opção é que a Bitcoin torne-se obsoleta. Há sensivelmente 5000 criptomoedas diferentes disponíveis no mercado livre e embora a Bitcoin tenha a maior capitalização de mercado e a maior comunidade, isto não significa necessariamente que tenha de permanecer dessa forma.
Mais recentemente, as sociedades ocidentais envolveram-se num debate sobre se a mineração da Bitcoin é sustentável e se o impacto no ambiente deverá ser tolerado ou se isto poderá ser um motivo para banir a mineração e, concluindo, a Bitcoin num todo. Mas além da questão se isto poderia ser um bom motivo para banir a Bitcoin, uma comunidade mais ampla começou a promover as moedas prova de participação. Entre estas encontram-se a Tezos, Cardano e, finalmente, mas não menos importante, a Ethereum. Há um motivo para crer que a Bitcoin poderá tornar-se obsoleta, porque os seus fundamentais não mudam desde a sua criação, em 2009. Caso a sociedade concorde que está na altura de substituir a prova de trabalho ou caso seja inventada uma tecnologia que ultrapasse de longe a Bitcoin, então o seu valor poderá descer para zero.
Há muitos outros eventos que poderão levar a uma crise completa e absoluta. Digamos que um asteroide gigante vai atingir a Terra em 2023 e que destruirá o mundo. Mas isto não seria muito provável, seria? Não precisamos de ir tão longe e exemplificar eventos altamente improváveis para determinarmos que qual um dos eventos supramencionados é muito improvável.
Mas isto não responde realmente à pergunta sobre o quão provável é assistirmos à Bitcoin descer até zero. Digamos que a Bitcoin é substituída nos próximos 10 anos, mais ou menos. Mesmo considerando esse cenário, a Bitcoin não desceria necessariamente para o zero. Esta ainda poderia manter algum valor enquanto colecionável. A sua escassez é um dos maiores fatores quando se trata do valor afinal. Embora os bitcoiners reivindiquem que estes atributos a tornem um bom investimento, isto também a torna um item coletável raro. Ainda que a rede em si falhe, ainda haveria pessoas com velho computador a funcionar por nostalgia e a reter ou a negociar algumas Bitcoins. O mesmo aconteceu com a computação retro. O hardware antigo que nem sequer vale o preço de sucata ganhou valor. Alguns itens valem inclusive milhares de euros, dependendo da disponibilidade e da procura.
Mas para responder finalmente à questão em toda a extensão, poderá ser útil analisarmos um relatório de dois economistas da Universidade de Yale. Segundo a investigação que conduziram em 2018, a probabilidade da Bitcoin descer para zero num período de um dia devido a um evento não especificado, varia entre 0 % e 1,3 %.
Concluindo: há um par de cenários que poderão possivelmente provocar essa crise e espoletar um evento que provocará uma descida do valor da Bitcoin até zero. A probabilidade é muito baixa, mesmo quando consideramos um evento não específico.
Registe-se para manter-se informado através das nossas atualizações por e-mail